O Papa Francisco, na homilia na Casa Santa Marta em 23 de novembro de 2018, que tratou do tema “generosidade, dízimo, consumismo”, cunhou a seguinte expressão “milagre da generosidade”.
Hoje, nos propomos a falar de dízimo e tecnologias e, embora esse assunto não seja novidade, muitas pessoas ainda se sentem desconfortáveis para falar do tema. Essa resistência se dá por diversos fatores, afinal, “quase” tudo o que aprendemos sobre as práticas do dízimo, foram com nossos pais e avós, e, em dias onde a tecnologia está em alta, é mais que natural, “existir” certa resistência para discutir o tema que envolve a “tecnologia e o dízimo”.
Hoje, para o fiel, realizar a devolução do dízimo usando de artifícios tecnológicos, está cada vez mais presente e essa ação, tem impacto direto na gestão paroquial. Os controles e recebimentos, relatórios, prestações de conta de receitas de dízimo, se fazem valer das tecnologias que facilitam as rotinas diárias da Igreja, tanto para fiéis, como colaboradores e administradores de paróquias e dioceses.
A tecnologia tem auxiliado vários segmentos da sociedade e isso não tem sido diferente com a Igreja. A tecnologia é uma ferramenta que está disponível e a serviço da evangelização e quando falamos de controle e gestão de dízimo, é fundamental a utilização de um sistema de gestão, tudo por que, a forma de realizar a devolução do dízimo, tem mudado ao longo dos últimos anos. Atualmente, além dos meios tradicionais de coleta de dízimos como os envelopes, carnês, caixinhas levadas em visitas domiciliares pelos missionários do dizimo, temos também as máquinas de cartões, QR code, cartões de crédito e débito, transferências online (TED ou DOC), boletos bancários, totens da pastoral do dizimo e afins. São inúmeras as formas em que o fiel pode fazer sua devolução do dízimo de forma simples, segura e sigilosa.
E aqui voltamos ao ponto de partida deste artigo, a homilia do Papa Francisco, onde buscamos a reflexão para uma discussão, que não se pauta sobre as ferramentas que os fiéis usam para praticar o ato de fé, esperança e amor que é o dizimo. A reflexão é: estão evangelizados e convictos? Sabem e creem que seu ato de partilha usando uma ferramenta tecnológica, esta afinada com o intento fundamental do dizimo que é, praticar o “Milagre da generosidade”?
Se a resposta for sim, as ferramentas podem auxiliar no processo do milagre acontecer. Se a resposta for não, toda e qualquer argumentação é vazia pois o milagre da generosidade não ocorreu. Nesse sentido, é válido lembrarmos da viúva que tinha com ferramenta de coleta, um cano de bronze preso a uma parede que levava as doações direto para o caixa comum do templo e pela fé e convicção no ato de colocar suas moedinhas ali, a viúva pobre e desconhecida as colocava diante de Deus, na sua intimidade, acreditando piamente que seu ato era íntimo e tocava de fato o coração de Deus. E assim o milagre da generosidade dela era real, como do testemunho não outro, mas o próprio Deus feito homem.
“Jesus sentou-se defronte do cofre de esmola e observava como o povo doava dinheiro nele; muitos ricos depositavam grandes quantias. Chegando uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, no valor de apenas um quadrante. E ele chamou os seus discípulos e disse-lhes: ‘Em verdade vos digo: esta pobre viúva deu mais do que todos os que lançaram no cofre, porque todos deram do que tinham em abundância; esta, porém, doou, de sua indigência, tudo o que tinha para o seu sustento” Mc 12,41-44
Por Euclides Faller