hoje é Quarta-feira de Cinzas, mas de onde surgiu esta Celebração? Qual a sua espiritualidade? Ela foi instituída há muito tempo na Igreja; dia que marca o início da Quaresma, um tempo de penitência e oração mais intensa. Na espiritualidade judaica antiga, sentar-se sobre as cinzas já significava arrependimento dos pecados e volta para Deus.
Na espiritualidade Cristã Católica, as cinzas bentas e colocadas sobre as nossas cabeças nos fazem lembrar que vamos passar, que somos pó e ao pó da terra voltaremos como ensina Gn 3, 19, para que nosso corpo seja refeito por Deus de maneira gloriosa, para não mais perecer.
Sendo assim a espiritualidade sacramental é nos levar ao arrependimento dos pecados e fazer-nos lembrar que não podemos nos apegar a esta vida, achando que a felicidade plena possa ser construída aqui.
Posto isto; qual é o convite que a Quarta-feira de Cinzas nos faz? Então, qual o sentido da Quarta-feira de Cinzas? Por desígnio divino somos chamados a cada instante a perceber que a cada dia de nossa vida, temos de renovar uma série de procedimentos. Posto que nada é duradouro, tudo deve ser repetido todos os dias.
Pois tudo nasce, cresce, vive, amadurece e morre. A razão profunda dessa realidade tão transitória é a lição cotidiana que o Senhor nos quer dar de que esta vida é apenas uma passagem, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna e perene.
Isso nos mostra também que a vida está em nós, mas não é nossa. Numa parábola narrada por Jesus. Um homem abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12,19b); ao que o Senhor lhe disse: “Insensato! Nesta noite ainda exigirão de ti a tua alma” (Lc 12,20).
Desta consciência da efemeridade brota o desejo do eterno eu é Deus que na vida eterna e definitiva, tronar-se-á nosso bem maior. “Deus será tudo em todos” (cf. 1 Cor 15,28). A imposição das cinzas também é ato de compromisso e sinal de adesão a esta fé, pois após a celebração somo reconhecidos e testemunhamos que nosso desejo não está na transitoriedade das coisas, mas na eternidade de Deus.
Sendo assim já agora nos tornamos caminho do eterno para o outro. Pois, “Deus nos fez para os outros”. Só o amor, a caridade, podem nos levar a compreender a verdadeira dimensão da vida e sua vocação ao Eterno. Não do pó ao pó, mas das cinzas ao Novo.